terça-feira, 25 de maio de 2010

Diástole

A resposta está além do tudo escrito, o real sentido está além do tudo falado, a libido está além do tudo pensado.
Essa eterna diástole. Acredite, é eterna. O tempo parou, minha mão rebolou pelo vento e fui até sua casa, o caminho nem parecia escuro, visto que antes eu sempre precisava de algo para iluminar, uma lanterna, uma lamparina, o que fosse. Via agora o caminho todo, e as cores até mudavam, algumas vezes estava laranja, outras vezes azul, gostava dos dias em que estava azul, me lembrava o céu ou alguma pintura de livros infantis. O que eu quero que você entenda é que o céu do caminho até sua casa era iluminado, não o caminho em si, mas o céu. Isso não é delirante? A dádiva de algo supremo fez com que eu enxergasse tudo até sua casa. E até quando estava quase lá, passava pelo jardim e parava por alguns minutos tentando em sorte ver um vaga-lume, ver outra vez. Mas sabe... Eu parecia ter só azar, que parecia não acabar. E foi quando num caminho azul no minuto sete, parada em frente ao jardim já quase sem esperanças, já pensando pronunciar a palavra mais suicida possível: Adeus. Foi nesse minuto que eu vi um brilho discreto e alucinante, algo de outro mundo, nosso mundo, um vaga-lume no jardim passeando pela grama verde azulada. E então quero que você pense...
Pergunte-se porque eu ia a tua casa sempre à noite, pergunte-se.

ap.

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sem coerência,