quarta-feira, 28 de julho de 2010

A pintura do universo era natureza-morta

Evitaram a agitação da festa e se refugiaram no quarto dela. Havia um tempo que o beijo já não era suficiente, os abraços apertados não supriam a necessidade da mente que procurava por algo ao passar das mãos nas mãos. As epifanias do universo já não os satisfaziam mais, eles precisavam agora de suas próprias certezas, nem que de súbito fosse. Era importante, a confiança, aquela, em si mesmos ou um no outro, tanto fazia, pois depois da fé viravam um só. Porque essas partes do quebra-cabeça deles precisavam ser encontradas onde quer que fosse, ao contrario das peças do universo, as peças deles formavam uma pintura abstrata. E ocorreu a epifiania. Ele deslizou os dedos longos no caminho a primeira peça do quebra-cabeça. Ela o olhava com os olhos de ressaca de Capitu enquanto ele se afogava na tinta a óleo dos olhos dela, das peças do quebra cabeça, do quadro pendurado, das mãos suadas, era tanta coisa, tanta coisa era. E eles estavam distraídos com a tinta, o cheiro de tinta sempre distrai as pessoas em plena epifania.

ap.

Um comentário:

  1. Só tenho uma coisa a dizer...
    imaginei, sonhei, alucinei, vibrei...ÓTIMO TEXTO!

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sem coerência,