Eu sempre quis saber por que tudo terminara tão seco, sem vida, lotado de fome e saudade, transbordando outono. Talvez já saiba, talvez nunca saberei. O fato é que me lembro bem a ultima vez que você me olhou, levantou uma sombracelha e disse frio congelando meus cílios, disse aquelas coisas que as pessoas dizem quando se vão para sempre. Minha lagrima inconfessada beijou os cílios e derreteu o gelo que lá havia. Eu não falei nada sobre ir, sempre fui dessas pessoas fracas e miseráveis, da turma dos sem coragem. E recusei-me a olhá-lo, passei a mão pelo pescoço, cocei a cabeça, coloquei a mão no queixo mas não olhei-o, não me deixara, não me deixaria nunca por ser anêmica, tanto. Nós começamos quentes, cheios e movediços e quem sabe tenhamos terminado fracos porque você não soube economizar, bebeu-me toda de uma vez, esgotou-me e você sabe, eu sei, todos sabem que nunca tive fonte, que eu sou só. Eu dizia lenta que o amava, dizia com cuidado para não quebrar-te em pedacinhos de amor vermelhos que me cortariam de dentro pra fora. Você não queria devagar, prestando atenção, queria rápido, naquela mesma hora. Se me amava, amava-me mil vezes seguidas, se me odiava, odiava-me tão doído e incansável. Você não sabia desistir insistindo, não beijava as partes, não gostava das preliminares doces, tão doces. Você era tudo e mais um pouco, eu era aquela parte tua, aquele segundo misterioso. Eu me desculpava sem nada ter feito. Mas que raio de pessoa obscena eu era? Levei a culpa por tantas injurias de fora pra dentro, fazia com que não vistes quem era culpado, era você meu bem, eu lhe encobertava com um extinto materno e atropelava-me, eu me matava sempre ao fazer isso. Você rastejou de cede e disse; eu sei que você é só, de fora pra dentro e de dentro pra fora.
ap.
Envolvente a ponto de fixar meus olhos na tela até que a pupila seque. Adorei...
ResponderExcluirEnvolvente e intrigante.
ResponderExcluirMuito interessante o blog !
Deixo o meu aqui caso queira dar uma olhada, seguir...;
www.bolgdoano.blogspot.com
Muito Obrigada, desde já !