quarta-feira, 30 de março de 2011

Flor-ave, ave-flor

Eu estava certa de que seus olhos ainda iam apontar em mim. Como sua cabeça se inclinava um pouco, parecia-me que nunca olhava pra nada, embora eu não tenha estacado para imaginar nada que você se depusesse a olhá-la. Só eu; ainda que sem acreditar, pois não havia em mim força maior que me dissesse que eu nascera para viver. O caso é que foi um deslumbre te ver embora não tenha permanecido inerte como dissera a mim mesma, foi mais uma graça sem perceber, um perfume de cor sem cheiro. Você me achou e eu achei você, e não me deparei com afago nos olhos, senti mesmo foi uma espinha na garganta, cortando fino e fundo descia goela a baixo. Ainda a sinto aqui encalhada no meu pescoço, digo isso, pois certos dias que sinto te ver bem raramente, olho-te como se fosse a primeira vez que te visto: Com os meus olhos e minha cabeça. Espera-se que uma flor seja como a ave, coloridas e embaraçosas, se é assim então somos flor e ave, na ordem que quiseres.

ap.

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sem coerência,