segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Number 8, Pollock

É, eu parei um tempo por não ter mais nada a dizer, não ter nada o que pensar. Eu parei porque pra se dizer boas coisas, ou até mesmo ruins, é preciso que haja sentimento e eu já não sinto nada, nem metade de um fio daquilo que um dia senti. Porque é preciso amor, paixão, remorso ou pena; é necessário rancor ou ódio, muitas vezes tristeza ou quem sabe certo desdém. Eu? Nem isso. Eu parei porque nada mais tinha a achar sobre a vida e sobre nós dois. Parei por vontade de parar, porque não queria mais forçar as palavras à sairem da boca, por elas serem da boca pra fora, por já nem sentir mais vontade, por também não achar ser necessária a hipocrisia que me tomava vez em quando. Eu parei por um tempo por não conseguir dizer o que tinha vontade de dizer olhando na cara, olho no olho. Parei com isso de querer parecer o que não sou, de dizer o que eu discordava, de achar bonito o Pollock da sua sala de jantar. Demorei pra ver qualquer coerência que fosse nele e até hoje não vejo qual a razão de se chamar um número. É bem verdade que o vi oito vezes antes de entender o sentido, o espírito de toda aquela coisa. É bem verdade que oito foram as vezes suficientes pra me fazer sentir estima por aqueles rabiscos sem nexo... E era tão importante pra você que nem sei porque parei de elogiar a totalidade das coisas que eles retratavam. Estava tão claro não é mesmo? Bom, mas agora eu parei. E parei por um tempo indefinido, por um tempo que nem Pollock conseguiria saber dizê-lo.
Quando parar de parar por um tempo, eu aviso. Te mando uma carta, um bilhete ou te ligo, certo? Quando eu parar com isso também, eu mesmo vou até aí só pra te dizer cara-a-cara que dar um tempo nas coisas às vezes é bom mas nem sempre funciona... Quem sabe eu não paro com todo o resto de uma vez? É, eu parei mesmo.

ya.

2 comentários:

sem coerência,