quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Agradecimentos ao meu triste pássaro falecido

Eu nunca imaginei minha vida. Imaginar seria mais que qualquer outra coisa, planejar o presente. Imaginar seria com importância enxergar, nem que fosse pela fechadura, debaixo duma escada, acariciando um gato preto, mas enxergar, enxergar implorando pra ver. Sabe quando o vento passa por nossos ouvidos e logo em seguida há um arrepio? Acho que é o nosso corpo querendo provar que sim, é verdade que podemos ser solitários. A gente sempre reclama tanto sobre férias e quando elas chegam há tanta coisa pra fazer, acontece que no fim não fazemos nada, nunca fazemos nada. Nem paramos pra imaginar nossa vida. Pra enxergar.
Minha vida começou em 10 de janeiro de 1964, eu fazia doze anos e cinco dias à meia noite. Minha cabeça pendia pra um lado enquanto meus cabelos pro outro, meus olhos fechados enquanto eu respirava maresia. Maresia, inebriante maresia. O que aconteceu? O fato é que minha vida começou. Como? Nem me pergunte, não quero nem imaginar. Tenho outras coisas a fazer, desculpe. Feche a porta quando sair, por favor. Obrigada.

ap.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sem coerência,