Sobre a hipótese de que a intimidade nada mais é que a
ilusão de estrangeira aproximação, na verdade nunca houve intimidade alguma
senão apenas recortes e trechos de uma ideia de conforto repentino ou duradouro
em face de um mascarado e inexorável individualismo inerente. Embora a premissa
ainda não se prove verdadeira, os estudos e pesquisas feitos na atual sociedade
que insiste em socar o estômago e viver numa montanha russa ainda que tenha
acrofobia, apontam para inevitáveis erros de percepção principalmente quando se
fala sobre os limites da liberdade que em suma podem roubar violentamente a
intimidade e transforma-la em constrangimento, pois é inverossímil que a mente
crie em sua infantil independência limites quando de fato tudo tem seu próprio
limite preestabelecido portador de vida própria. Segundo o Demônio, a
insensibilidade parte da sensibilidade para consigo mesmo, o amor próprio
(ainda que secretamente falso) nunca foi tão importante para a figura
demoníaca. Sua conduta diante do mundo que o cerca não poderia ser mais simples
do que apenas se embasando na ideia de que a agressividade é mais
recompensadora do que a bondade, quando sempre em papel rude o Demônio é
reconhecido, este se torna o mais afável dos homens diante do menor e mais
ordinário ato de etiqueta. Em contra partida está o Anjo, esta angelical
mulher, pura e amável com todos inclusive com o rude e demoníaco homem afável
às vezes, encontra-se numa rua sem saída quando tudo que esperam e recebem dela
é a imaculada gentileza, o Anjo então se acha incapaz e proibido de proferir
inofensivo desacato, pois se o faz, este é massacrado e mandado para as chamas,
ao contrário do Demônio que transita com segurança e liberdade entre o céu e o
inferno.
ap.
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sem coerência,