quinta-feira, 11 de março de 2010

Chamei de meu conto.

O sofrimento... O doce sofrimento...
Eu gritei, berrei, quando me disseram que te amo.
Daqui de cima me sinto respeitável, grande. A cidade é um contraste, é o dia na noite. Estou sonolenta, porém a dor de cabeça não me deixa dormir, depois que me disseram que te amo, não consegui. O vento desembaraça meu cabelo suavemente, o cheiro indigesto da cidade muito abaixo chega até mim e aqui, ao meu redor não existe quase nada, é o meu pequeno espaço. É o meu extremo. Aqui você não cabe. Meus pés estão frios descalços do outro lado da grande vidraça, já minhas mãos e a ponta do nariz parecem mortas. Minhas unhas estão molestadas, meu cabelo sujo há dias, e eu que queria ser ao menos “um mistério” passarei a ser apenas “uma rotina de dor”. Logo eu que era inteiramente garras e sonhos, depois que me disseram que te amo me tranquei e engoli a chave. Desaprendi a descansar e não sou autodidata. Mãos agarradas na parede, no nada; joelhos trêmulos; de estantes em estantes barriga congelada; Dedos dos pés no amplo vácuo entre eu e a cidade iluminada, lá embaixo, toda animada.
O que me conforta é saber que as cicatrizes nos ajudam a lembrar que o passado foi real.

AP.

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sem coerência,