quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sucinto.

E foi quando eu disse sem nem mesmo perceber. O meu medo de dizer desapareceu para um lugar sem nome, eu tinha receio de algo que já estava dito fazia tempos. Estava dito na minha face. Por onde eu pisava estava dito, nos rastros. Nas lágrimas atrapalhadas com a água do chuveiro, estava dito. Quando eu passava o dedo na poeira do meu quarto, deixava lá escrito, estava dito. E não tinha pra onde correr porque já havia se espalhado em todo o ambiente, nos cantinhos sem vigilância e no teto sujo com teias de aranha, nas teias estava escrito, estava dito. Estava dito em tudo que eu dizia, com palavras minuciosamente escolhidas para não expor e mesmo assim era tudo dito, subentendido. No meu olhar estava dito. Os cílios avisavam aos olhos que uma vez dito, dito para sempre, sem volta. Os olhos não queriam volta, queriam dizer pra sempre e que fosse pra sempre dito: Eu te amo.

AP.

2 comentários:

sem coerência,