domingo, 29 de julho de 2012
Do amor ao ódio
Poxa, eu nem sabia que hoje era seu aniversário. Tenho que confessar. Não, eu não sabia mesmo. Ah, às vezes eu esqueço até o meu. Tudo bem é mentira, eu sei, eu vivo mentindo, mas acredite em mim, eu realmente não sabia, e mesmo assim que importância tem? Você tem um monte de amigos e pode receber ligações de todos eles lhe parabenizando, passar à tarde no Benni’s comendo cachorro-quente e tomando gim (nunca achei que isso combinasse antes de te conhecer). Você tinha que lembrar logo de alguém que esqueceu a data mais importante da sua vida. É a sua vida, não a minha. Desculpe, não quero ser arrogante. Eu deveria estar dizendo apenas: Parabéns com uma exclamação daquelas! Mas você sabe que eu gosto de justificar tudo; por mais que nem tudo tenha uma justificativa. Eu só quero dizer que não é lembrando o dia em que você completa mais um ano nessa caminhada rumo à morte, onde todos nós estamos marchando que vai diminuir os meus sentimentos por você, seja lá quais forem. Do amor ao ódio. Nem devíamos comemorar este tipo de data, devíamos deixar passar em branco porque afinal, ninguém gosta de falar sobre morte e hoje foi só o que eu consegui imaginar: você morrendo queimado por trinta velinhas verdes e douradas com um chapeuzinho de aniversário na cabeça, não se via o rosto, pois estava atolado num bolo branco.
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