Como se uma onda enfim entrasse em meus ouvidos gigantes e banhasse a cavidade de supetão, passando tudo, passando xingamentos, agradecimentos, desculpas, passando tudo, até o que eu não queria ter escutado: Indo até o outro ouvido com velocidade implacável, pesando o outro lado, primeiro aqueles pinguinhos de leve, depois a onda outra vez fazendo o que as ondas fazem, levam tudo: porque quem carrega tudo é o mar, o mar que sempre quer puxar e implorar para a onda, que sempre é tão demasiado rebelde e quer sair, a qualquer custo. O mar vê a onda: Você saindo sem mais nem menos, mas saindo rápido, tão apressada, com violência, correndo ao encontro do mundo, tudo que consigo ver são seus pés. Você tão assustada quanto eu. A onda vê o mar: Você sem-aforismo apertando o gatilho, me puxando com violência. Você que nem ao menos vê meu rosto, colocando o pé para que eu caia. E eu escuto, se escuto então falo.
ap.